Quem não conhece Vila Real de Antonio, pensa numa vila perdida num canto do Algarve, sem “nada” para ser visto ou apreciado, mas ignoram a grandiosidade deste local, com Castro Marim, Cacela Velha e Tavira como povoações vizinhas, uma com História templária e outra com legado Árabe, ambos dignas de serem visitadas e exploradas.
Reconstruída no SEC. XVIII pelo Marques de Pombal, à imagem de Lisboa após o terramoto de 1755, ostenta um traçado geométrico com as suas ruas e os padrões radiais da bonita calçada Portuguesa, Vila Real de Santo António, era e é o Ex-libris de quem chegava vindo do Sul Espanha ou por mar.
É nesta cidade que o empresário Ramirez, fundou a sua empresa de conservas, gozando de uma localização privilegiada, juntou o negócio de família com o projeto de hotelaria, com o Grande Hotel Guadiana, que foi inaugurado em plenos loucos anos 20 com o Glamour, riqueza decorativa, elementos Art Nouveau e um toque de Barroco, onde dava dormida a empresários nacionais e estrangeiros e por onde no meio de bebidas e cigarradas se fechavam grandes negócios.
Com a subida da temperatura da água, o atum, o maior e melhor pescado para as conservas, deixou de frequentar as águas do Guadiana, fazendo com que a família Ramirez abandona-se as fabricas de conserva e o Grande Hotel Guadiana, rumando para o norte do país, onde ainda hoje mantêm atividade.
Manteve-se ao abandono até que foi adquirido por um empresário, com o gosto pela história e tradição Portuguesa e que fez renascer o Grande Hotel Guadiana, hoje com o nome de GRAND HOUSE, e é exatamente isso uma GRAND HOUSE… e é aqui onde começa a minha história.
Quando fui convidada a conhecer a GRAND HOUSE, estava longe de saber o quão deslumbrante e deslumbrada ficaria com o hotel, não só pela sua grandiosidade e a soberba decoração, que tão bem souberam preservar, pensado em todos os detalhes e pormenores, mas principalmente pelo acolhimento familiar com que me receberam.
À porta, e como de uma casa se trata estava a “nossa” GRAND, cadela da raça Cão de Água Português que nos recebeu – qual trintanário - meiguinha e muito profissional abanou a cauda quando nos dirigimos para a porta, o modo que ela tem de se expressar… sejam bem vindos à Grand House.
O enorme lustre em cristal que se encontra à entrada, faz-nos antever o Glamour da decoração.
Fizemos o check-in e Marita, GM da Grand House, aguardava por nós para almoçarmos. Pegou no próprio carro e levou-nos ao Grand Beach Club, que fica a uns 10m.
Entrando no Beach Club, uma decoração sóbria, própria de um bar de praia, com cores neutras e plantas, tendo em destaque um grande sofá chesterfield em pele castanha que nos incentiva a sentar e a usufruir de um cocktail, fazendo com que esqueçamos o tempo e os afazeres. No exterior, a piscina infinita e as espreguiçadeiras, convidavam a um namoro entre a água e o sol.
O almoço meticulosamente preparado com comida tipicamente portuguesa onde não faltaram o azeite e o pão alentejano (para ser embebido) as azeitonas, as ameijoas à Bolhão Pato, as saladas frias… o prato principal: peixe, ou não fossemos nós um país à beira mar plantado.
O almoço foi sendo servido entre conversas e risadas. Não existe nada melhor que uma boa conversa, um bom vinho e uma boa companhia à mesa.
Depois do almoço, fomos a conhecer a praia onde no verão funciona um concecionário da Grand House exclusivo para clientes, e onde pode usufruir das espreguiçadeiras, toalhas chapéus e de todas as comodidades com que a Grand House nos brinda, como o transfer de e para o hotel / praia, serviço de catering… SIMM!! Exatamente isso, serviço de catering… então imaginem… durante o verão, a usufruir do mar, da praia, do quentinho do sol… e, de repente… o que vou almoçar!!!???, até porque o” ratinho “no estomago já começa a dar sinais de vida… simples. Têm o Smartphone, serviço de Mobile Butler cedido pela Grand house, ou com o próprio telemóvel, ligam para a Recepção - fazem o vosso pedido e… VOILA!!!. a comida leve é entregue na sua espreguiçadeira… e tão bom que é…
De volta à Grand House, a Marita deixou-nos, e fomos explorar esta Vila Real que ainda preserva a traça original com ruas retas largas e os prédios baixos obedecendo ao padrão iluminista.
A Vila ainda não é frequentada pela massa de turistas, e muito honestamente gostava que assim se mantivesse, encerrada na sua história e no seu quotidiano, tão simples e tão envolvente, mas cosmopolita à sua própria maneira!
De regresso à Grand House, tivemos tempo para explorar a alma a autenticidade deste verdadeiro refúgio… faltam-me palavras para expressar o quão deslumbrante e intimista é o hotel – a Grand House, o quanto nos têm para oferecer, é como se fossemos transportados para uma outra parte da nossa vida, talvez para um passado inconspícuo… confesso que me imagino em plenos anos 20, com aqueles vestidos audaciosos, sofisticados, como se estivesse-mos na verdadeira festa de Gastby, e o Hotel tem toda a Grandiosidade sofisticação… alma, para nos sentimos assim…!
A biblioteca, virada para a marina, é banhada pelo sol ameno e mantêm a sala com uma áurea de conforto e intimidade… e o Bar??!!! Ai… o Bar… com o seu balcão centenário de mognos escuros… escoltado por uma quantidade quase infinita de bebidas e licores, sentimos dificuldade em escolher seja o que for, e, não fosse a preciosa ajuda do barman – trajádo à época – e que (desconfio) tem um conhecimento profundo de alquimia, prepara um cocktail única e exclusivamente para nós… “spontaneous & signature art on a glass”
O Jantar com base na dieta e tradição portuguesa, com o toque de modernismo… e… como se diz… acima de haute cuisine, servido com requinte, é degustado na sala adjacente, coladinha ao Bar, como ele, também inspirado nos salões dos loucos anos 20. Com janelas até ao teto a fazer chegar o ar e o cheiro da maresia, enquanto a música de fundo, nos embala num ambiente intimista, confortável e bucólico, tornando o Jantar num verdadeiro festim para os sentidos e o palato.
No quarto, amplo e com inspiração Art Nouveau, repleto de pequenos apontamentos da cultura portuguesa, onde um miminho regional nos foi deixado para saborearmos, adormeço no conforto e no silencio neste pedaço de paraíso.
Foi a custo que me despedi da Grand House, é sem dúvida um pedaço de história, Glamour, Sofisticação, e Elegância escondido na pequena Vila… e penso … realmente… “AIN´T LIVE GRAND?”