A Apúlia (ou Puglia) é uma agradável região de Itália que merece muito ser visitada. Tem excelentes motivos de interesse que ainda não estão verdadeiramente descobertos pelo turismo de massas. Bari é a sua capital, mas não faltam outras atrações nesta Província. É banhada pelos mares Adriático e Jónico, foi ponto de encontro e disputa de civilizações ocidentais e orientais, e a sua arquitetura e cultura são muito originais e atrativas. Por isso se fala sempre no estilo arquitetónico da Apúlia, seja ele de natureza gótica, românica ou outra. Os seus castelos, fortalezas e catedrais testemunham o seu rico passado multicultural. As suas paisagens, interiores e costeiras, são muito belas e intimamente ligadas a uma natureza que não sofreu profundas transformações. A construção antiga é dominada pela rocha calcária, o que torna os seus edifícios particularmente graciosos. A Apúlia ainda é um exemplo notável de como a sua população foi capaz de se adaptar harmoniosamente ao seu meio ambiente e às sucessivas civilizações que a ocuparam.
Bari, e outras cidades da Apúlia, foi ocupada por gregos e romanos que aqui deixaram o seu legado. Foi mais tarde invadida pelos Godos nas suas incursões pela península itálica e conquistada pelos Bizantinos que aqui deixaram fortes influências durante os quase 500 anos de ocupação. Foi invadida e tomada pelos Sarracenos durante três décadas no século IX. No século XI passou para o domínio dos normandos e da família Sforza. Neste contexto, Bari é notoriamente influenciada pelas múltiplas culturas que aqui se encontraram e também um ponto entre o ocidente e o oriente.
Os seus pontos turísticos estão concentrados em três grandes áreas: o centro histórico – Barivecchia; as avenidas do Quartiere Murattiano da época napoleónia; o porto e a orla marítima com as suas praias que estão a tornar-se bastante procuradas.
Barivecchia é a parte mais interessante e tem uma área pequena que se percorre facilmente a pé. As suas atrações concentram-se em torno de quatro pontos; o Castello Normanno-Svevo, a Basílica e Catedral Metropolitana di San Sabino, a Basílica San Nicolau, a Piazza Mercantile. O primeiro foi a sede do poder aristocrático, as duas basílicas sede do poder religioso e a pizza mercantile sede da vida cívica. As ruas da cidade velha são muito estreitas, com numerosos becos, formando um labirinto típico dos tempos medievais. Quer a arquitetura, quer o ambiente que se vive têm um ar de tempos antigos, onde o pulsar da vida, os tons e aromas conservam marcas notórias do passado. Se nos cingíssemos apenas a Barivecchia, teríamos a sensação de que a cidade parou no tempo, tendo apenas sofrido os necessários restauros mas não alterações da matriz original. Aqui não existem lojas de moda, cadeias de fast-food, sedes de escritórios empresariais. O espaço resistiu ao poder económico, o que não é frequente. E, ironicamente, dos numerosos locais que visitei nesta viagem este foi o único onde não existe nada que seja património mundial da UNESCO. Porquê? Não sei. Faltará um compromisso sério em manter estas características, uma vontade e investimento em dinamizar seu capital artístico e cultural? Se o não houver, e a cidade se preocupar com as massas do turismo de praia, irá desvirtuar -se e é uma pena e uma pedra! Se pelo contrário houver interesse, certamente nos próximos anos teremos Bari devidamente posicionada nos nobres locais listados como património mundial.
De todas as atrações, a que mais me impressionou foi a Catedral de San Nicolau, onde estão as relíquias deste santo, ponto de peregrinação religiosa de ocidentais e orientais. São Nicolau de Mira é padroeiro de Moscovo, de outras cidades Rússia, Grécia, França… Para além dos fantásticos aspetos arquitetónicos e históricos (antes era uma cidadela que ainda hoje se percebe), a basílica católica é aquilo a que podemos chamar um verdadeiro centro ecuménico. Na cripta convivem lado a lado um altar da igreja ortodoxa e outro da igreja católica. Nunca vi nada semelhante noutra parte do mundo! Como se não bastasse, na abside algo atípica (com planta latina de tau-cruz - em forma de T com o transepto colocado no final da nave), em torno da “Cathedra de Elias” (o Abade Elias foi quem ordenou a construção da cripta para acolher as relíquias de São Nicolau de Mira), observam-se inscrições em escrita árabe Kufic!
O Quartiere Murattiano é a Bari Nova, onde as maiores atrações são os edifícios em estilo Liberty (o equivalente italiano da Art Nouveau), a via Sparano (uma elegante rua pedonal de lojas para todos os gostos), os belos edifícios dos Teatros da cidade e o Corso Vittorio Emanuel (onde se destacam o Palazzo Fizzarotti, Piazza della Libertà e o Teatro Margherita).
Na orla marítima destaca-se o Lungomare (passeio junto ao mar) entre os portos novo e antigo, e as suas praias com bastante popularidade.